20 anos da Batalha dos Aflitos Grêmio e Náutico estão eternamente interligados pela tarde de 26 de novembro de 2005. A Batalha dos Aflitos, no Recife, foi para o clube gaúcho um episódio épico que virou até filme. E como na vida a história é contada pelos vencedores, a decepção dos pernambucanos ficou relegada a segundo plano. Duas décadas depois, contudo, a experiência de um derrotado serviu de incentivo ao Grêmio em momento difícil. O ex-goleiro Rodolpho visitou Mano no CT Luiz Carvalho e disse: "Se você foi capaz de passar pela Batalha dos Aflitos, você é capaz de tirar o Grêmio dessa situação". O Tricolor havia perdido para o lanterna Sport no dia anterior, por 1 a 0, na Arena. Coincidentemente ou não, de lá para cá, a fase melhorou e o medo do rebaixamento ficou no passado. Em entrevista ao ge , Rodolpho relata o motivo da visita a Mano 20 anos depois e conta bastidores da Batalha dos Aflitos, com a visão de quem esteve dentro do campo e do vestiário perdedor após a vitória por 1 a 0 com gol de Anderson.
Da aflição de perder dois pênaltis, cobrados por Bruno Carvalho e Ademar, à ansiedade de aproveitar a confusão instaurada para vencer e conseguir o acesso à primeira divisão. Batalha dos Aflitos! Náutico 0 x 1 Grêmio | Série B 2005 O Grêmio jogava pelo empate para ficar com a vaga após o quadrangular final da Série B, mas revoltado com a marcação da segunda penalidade, chegou a quatro jogadores expulsos no segundo tempo: Patricio, Domingo, Escalona e Nunes. Mesmo assim, com sete homens em campo, venceu e tornou real o inacreditável. Confira trechos da entrevista: ge - Como foi a semana que antecedeu o jogo contra o Grêmio? Rodolpho - A gente teve uma semana muito bacana. Tínhamos que sair para jogar contra a Portuguesa fora e o Grêmio em casa...
Rodolpho - A gente teve uma semana muito bacana. Tínhamos que sair para jogar contra a Portuguesa fora e o Grêmio em casa. Então, a gente foi fora contra a Portuguesa e acabou ganhando lá. E aí trouxe todo o torcedor de volta. Foi uma semana com muita mobilização da torcida. Eram dois times a subir para a Série A naquela época. Foi o último ano de dois clubes acendidos para a divisão superior. A mobilização foi grande. A cidade estava muito eufórica, principalmente por dois clubes da cidade (o Santa Cruz era o outro). E a nossa preparação foi muito boa...
Eu era um dos mais jovens da equipe, mas sempre tive um controle emocional muito grande. Claro que, ao perder o primeiro pênalti, gera uma certa ansiedade. O Grêmio, naquela partida, não oferecia muitas dificuldades. Fiz algumas defesas pontuais, mas a gente não estava sendo pressionado de uma forma que pudesse trazer perigo. Naquela oportunidade que perdemos o primeiro pênalti, que voltamos para o segundo tempo, aí sim, a ansiedade de querer fazer o gol, para ir em busca da vitória, tudo isso vai levando o atleta a ter esse desgaste emocional...
Ele, por ser um militar, conduziu de uma forma muito correta na minha opinião, porque, a partir do momento que os jogadores do Grêmio encurralaram ele, após aquela decisão do segundo pênalti, foi muita truculência dos atletas em relação a ele, com as paradas, chutes, empurrões, e ele teve pulso para tomar a rédea, expulsar alguns jogadores. E algo que tem na minha mente, muito forte, é que eu conversando com o Batata — o Batata era o nosso capitão, zagueiro, xerife, campeão mundial pelo Corinthians — e ele ali atrás, comigo, conversando, enquanto aquela paralisação acontecia, ele falou para mim: "Rodolpho, o árbitro, ele falou que não vai expulsar mais ninguém"...
Quando acabou o jogo, eu caio de joelhos e passo, não tenho noção, entre cinco e 10 minutos, eu chorei, chorei bastante. Passou todo um filme na minha cabeça, de toda a preparação, de todo o tempo que eu trabalhei no Náutico, desde os juvenis, os juniores, o tempo que eu levei para assumir a camisa 1 para fazer um belo trabalho, reconquistar o torcedor, um goleiro que não tinha uma altura ideal para ser um goleiro, mas que superou todas as expectativas de um atleta que era improvável. Rodolpho revela como...
Eu fui em Porto Alegre a trabalho. Cheguei na segunda-feira após o jogo deles contra o Sport Recife, e o Sport Recife não tinha nenhuma vitória na competição. Eles estavam na lanterna e, ao chegar em Porto Alegre, eu vi algumas notícias e uma cena me chocou muito: foi um vídeo do Mano Menezes, ele andando pelo corredor de cabeça baixa. E uma dúvida: Mano continua? Rodolpho fala sobre reencontro recente com Mano Menezes Me tocou muito, sabe, de ver uma pessoa com a história dele, querendo fazer algo pelo Grêmio e, daqui a pouco, se colocar em xeque toda a sua carreira. Aí foi quando na terça-feira eu resolvi o que eu tinha que...
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