Uma era vitoriosa, de todo o tipo de emoções, terá seu apito final no domingo. O último capítulo da história de Pedro Geromel como zagueiro do Grêmio ocorre contra o Corinthians, na despedida do Brasileirão. Sem a ficha cair, o capitão tricolor desfrutrará pela última vez da caminhada de pouco mais de 20 metros do vestiário até ser ovacionado pelos gremistas presentes na Arena. A rotina do futuro ex-jogador de 39 anos vai sofrer uma interrupção brusca na segunda-feira sem os treinos, embora isso seja normal no período de férias.
O zagueiro revelou que o plano não é trabalhar no futebol no futuro , apesar de reconhecer que viveu mais de 20 anos no meio e "só sabe" fazer isso. Com sorriso no rosto e seguro da decisão, Geromel explicou que até poderia esticar a carreira, como deixou claro com a atuação na vitória sobre o São Paulo , há uma semana. Mas, aos 39 anos, já paga um preço muito alto para jogar e manter o nível. Por isso, optou pela aposentadoria ao fim da temporada. Atualmente, é o jogador há mais tempo em um clube no Brasil . Nos 10 anos no Tricolor, teve inúmeras propostas, inclusive para ganhar mais, mas optou sempre pela permanência devido à sinergia criada em Porto Alegre.
Também lembrou que teve um início difícil, mas apontou Zé Roberto como inspiração para encarar o que foi quase um recomeço após 10 anos na Europa. Confira a entrevista Como é que está o sentimento, a tua cabeça, o coração? Ah, eu tô num misto, né? Eu, por ter continuado na rotina, de vir treinar, trabalhar, estar jogando, eu acho que eu não estou sentindo tanto ainda. Pensando em muitas coisas e tudo isso. Mas uma sensação de realização, de estar completamente realizado profissionalmente. E muito feliz por ter tido a oportunidade de ter ficado tanto tempo num clube como o Grêmio.
Já tem programação para segunda-feira, no primeiro dia de aposentadoria? Não, nenhuma. Eu quero jogar o jogo, desfrutar do momento, aproveitar pela última vez entrar em campo na Arena. E depois vamos ver. Parece que ainda não caiu a ficha para ti. Vai ser mais quando ficar em casa com a família, quando tiver mais tempo? Com certeza, né? Quando não tiver mais a rotina, esse ano aqui já foram mais de, sei lá, 45 jogos que eu fui aí. Então sempre tem viagem, concentração, jogo e treino todos os dias. Então não dá tempo de sentir ainda, né? Mas tempo não vai faltar (risos).
Como acha que vai ser a recepção da torcida no domingo? Ah, eu acho que igual sempre, né? Torcida aqui não tem do que falar, só agradecer por todos esses 10 anos, por tudo que a gente passou junto. Já foram alegrias, tristezas, emoção, felicidade, comemoração, raiva. Já passamos por tanta coisa junto. Só o agradecimento mesmo por ter passado por tudo isso junto com eles (torcedores) por tanto tempo. São mais de 20 anos de carreira.
Está se aposentado mais porque o corpo cansou da rotina ou mental da rotina de atleta? Eu acho que é o ciclo da vida, né? Todo mundo sabe que a vida é assim. Tem começo, meio e fim. Na vida do jogador profissional, todo mundo vai passar por esse momento, vai chegar um momento que não consegue mais. E chegou um momento que eu vi que eu não estava conseguindo mais. Eu tenho que abdicar de muita coisa, tenho que me cuidar 24 horas por dia praticamente. Tenho que cuidar muito mais do meu descanso, da minha alimentação, da minha suplementação, da minha treinabilidade. E algumas vezes eu não consigo nem render como eu rendia antes.
O último jogo foi tão em alto nível. Não dava para queimar mais uma lenha? Dava, com certeza. Mas eu não tenho mais essa vontade de fazer tanto sacrifício, são mais de 20 anos de profissão que venho fazendo diariamente. Eu tenho família, eu tenho filhos, eu tenho amigos, eu quero fazer outras coisas além do futebol. E esse sacrifício, essa preparação para o último jogo, tem tido algo diferente, está mexendo contigo? Ninguém se prepara de um dia para o outro, você não consegue, "amanhã eu vou jogar". Isso já é uma preparação. Não é dias, não são semanas, não são meses, são anos que eu venho me cuidando. E a gente entra meio naquele estado flow, que você simplesmente faz o que você nasceu para fazer e faz com excelência. Mas para isso você tem que se preparar. Só profissionalmente são duas décadas.
Já tem ideia da sua rotina depois, o que vai querer fazer? Não, ainda não. Falei para as crianças: o meu foco vai ser levar vocês na escola e buscar, isso daí eu não abro mão. E depois entre essas duas atividades, ir arrumando coisa para fazer.
Recapitulando a sua chegada ao Grêmio, hoje todo mundo sabe quem é o Geromel. Como foi lidar com a desconfiança no início e depois virar ídolo? Eu acho que é normal a desconfiança, chega um jogador que ninguém nunca ouviu falar, que ninguém nunca viu jogar, essa desconfiança é completamente normal. E eu tive humildade para trabalhar, força de vontade, dedicação, para mostrar o meu valor. E isso daí nada melhor do que o tempo para provar. Você chegou e era o quinto zagueiro na hierarquia. Como foi o momento de chegada, que tinha um caminho bastante grande para pular até o time titular? Foi difícil essa aceitação. Já tinha 10 anos de Europa, já tinha jogado nas melhores ligas no mundo. E eu fiquei pensando: "putz, vou ter que começar tudo de novo. Tem um longo caminho pela frente". Mas com perseverança, com trabalho, fazendo sempre a coisa certa, sem nunca passar a perna em ninguém, sem nunca desmerecer ninguém, eu sabia que eu ia ter uma oportunidade.
Eu vejo que muitos jogadores, muitas pessoas na vida também, às vezes ficam reclamando da falta de oportunidade. Em vez de trabalhar, se preparar, adquirir conhecimento, adquirir outras formas para quando chegar a oportunidade estar pronto, as pessoas ficam reclamando. E aí quando chega a oportunidade, não está pronto, porque em vez de se preparar mais, ele ficou reclamando. Eu não queria ser esse tipo de pessoa, então eu sempre me dediquei muito, muito, muito, muito. Treinava horrores.
Tem algum momento que deu o clique e você percebeu seu tamanho na história do Grêmio? Eu acho que a gente não tem tempo, a gente fica 11 meses correndo de lá pra cá, jogando, viajando. Esse ano já foram inúmeros jogos e tudo isso, ano passado igual, e sempre assim, você está numa rotina que você vai fazendo, vai fazendo, você não para e pensa. Acho que eu vou começar a sentir e ter noção real disso ano que vem. Com 10 anos de Grêmio, conhecendo a história do clube também, onde você acha que se coloca na hierarquia dos grandes zagueiros da história do Grêmio? Ah, eu não tenho pretensão nenhuma. Eu sou muito realizado e feliz por ter tido a chance de fazer tanto tempo da história de um grande clube como o Grêmio. Eu fico tranquilo, eu deixo vocês, jornalistas, torcedores, fãs, tomar essa decisão aí, escolherem. Eu estou tranquilo porque eu fiz o meu melhor, então eu fico com a consciência super tranquila.
Nessa prateleira aí, tem um cara que foi teu parceiro, tem aquele beijo na taça que ficou tão registrado na memória do torcedor. O que o Kannemann representa para você? Ah, o Kannemann é fenomenal, né? O Kannemann eu acho que incorpora a alma do torcedor gremista. Você quando vai entrar dentro do campo e tem o Kannemann do lado, a energia dele é contagiante. Ele é aquela pessoa que é sempre agressiva, sempre com vontade, sempre com determinação. Você sabe que você pode contar com ele em qualquer momento, em qualquer hora.
Você sabe que ele não é a pessoa mais refinada tecnicamente, mas você sabe que no que estiver no alcance dele, ele vai te ajudar. E isso é uma coisa que eu tento passar para todo mundo. Todos os jogadores, os mais jovens, as novas contratações, os mais experientes. Eu falo: "meu, aqui no Grêmio você tem que correr, você tem que trabalhar, você tem que se empenhar. Você não precisa ser tecnicamente muito diferente. Se for, melhor. Mas você tem que ter disposição". E a torcida é o reflexo da nossa vontade dentro de campo. E o Kannemann reflete mais do que ninguém esse espírito imortal.
Na entrevista coletiva você falou que o vestiário ficaria em boas mãos com o Kannemann. De que forma você tentou ajudar a manter esse bom ambiente, essa questão interna para o futuro? Eu acho que o ambiente bom ganha campeonato. Quando você tem um grupo que é comprometido, um grupo que todo mundo vai para o mesmo lugar, isso facilita muito nos momentos difíceis. Que é quando você mais precisa, tem jogadores lesionados, chega numa decisão.
Tem jogos que são como decisões, igual o último aqui contra o São Paulo, que para a gente era uma final. Então, se você tem um ambiente bom, um ambiente propício, onde todo mundo se respeita, onde todo mundo consegue olhar um na cara do outro, consegue se cobrar, tem essas características, fica muito mais fácil. E eu tenho certeza que o vestiário está entregue em boas mãos aí com o Kannemann.
Esse ambiente foi o segredo para os títulos? Com certeza. Semana passada a gente foi jogar contra o São Paulo, o Douglas mandou mensagem, falando: "meu, arrebenta, vai para cima, vocês vão ganhar e não sei o quê". O Edilson mandou mensagem, o Michel mandou mensagem, outros jogadores que jogaram no Grêmio que estão em outros clubes mandaram mensagem também. A gente tem até hoje uma amizade que é muito legal. E com certeza essa amizade foi fundamental para o sucesso esportivo do Grêmio.
Que peso tem na sua carreira, na sua vida, esses anos com títulos no Grêmio? Para mim foram anos maravilhosos. Eu me dediquei 100% ao Grêmio, a fazer o melhor. E eu vi aqui os outros jogadores também. E a gente tinha praticamente uma família aqui, jogadores que se davam muito bem dentro e fora do campo. E o Renato coordenou a gente magistralmente para a gente ter esse sucesso esportivo.
Aproveitando para falar de títulos, aquela arrancada na final (da Copa do Brasil de 2016) contra o Atlético-MG, como saiu aquilo? A gente sempre conversou que cada um que estiver mais perto do marcador, marca e o outro faz a posição dele. E aí é um escanteio, estou marcando um zagueiro lá dentro da área, e o escanteio é um pouquinho forte, e a bola vai sobrar lá no rebote para o Robinho. E eu que estava mais perto, que a bola passou, meu cara estava por ali, eu já fui encurtar, aí eu roubei a bola dele, estava na jogada, continuei, e tive a felicidade de cruzar para o Cebolinha fazer o gol.
A maior parte do teu período no Grêmio foi o Renato como técnico. Como foi trabalhar com ele que teve a história muito grande no clube? O Renato é um ótimo treinador, o sucesso que a gente teve em 2016, 17, 18, é muito graças a ele. Ele chegou, acertou o time, é uma pessoa muito preparada, um treinador muito íntegro, uma pessoa que fala sempre no olho um do outro. Todos esses anos já passaram, se bobear, centenas de jogadores com ele, e tenho certeza que por ser a pessoa que ele é, correta, consegue olhar no olho de cada um, e isso diz muito do caráter da pessoa. E foi com ele que eu tive minhas maiores glórias no futebol, e eu sou muito grato a ele por tudo.
Ele é o teu melhor técnico na vida? Com certeza. Você viveu os momentos mágicos, mas também o rebaixamento de 2021. O que ficou daquele ano para vocês que já eram ídolos e ficaram no clube? Eu acho que a vida é assim, ela não é só feita de momentos felizes, ela é feita de altos e baixos, e todo mundo cai. Eu acho que o importante é como você se levanta. Por exemplo, eu e o Kannemann ficamos aqui, eu joguei praticamente todos os jogos da Série B e fiz de tudo para trazer o Grêmio para a primeira divisão de volta, que é o lugar
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