"Julgamento do River-PI foi passo importante no combate a essa atitude inaceitável", comentou Schmitt sobre a mala branca (Foto: Vicente Seda)
A punição ao presidente do River-PI, Elizeu Aguiar, por ter oferecido dinheiro a jogadores do Interporto na Série D do Campeonato Brasileiro do ano passado em troca de uma vitória na competição desmitifica que a prática, conhecida por "mala branca", seja uma situação impune. O dirigente do time piauiense foi afastado de todas as atividades do clube por 180 dias, além de receber multa de R$ 30 mil. Paulo Schmitt, procurador-geral do tribunal, avalia que a decisão enérgica elimina a ideia de legalidade da mala branca, situação recorrente no futebol, considera por ele como uma "distorção da realidade" .
- A manipulação de resultados tem sido uma temática importante para a Escola Nacional de Justiça Desportiva do STJD. Algumas práticas, como mala branca, passam a ideia de algo comum, permitido. Mas é uma distorção tupiniquim da realidade desportiva e do fairplay. Ela ofende princípios básicos de ética e moralidade para prestigiar o poder econômico através de vantagens indevidas – explicou Schmitt.
A mala branca oferecida pelo presidente do time piauiense tinha como objetivo ajudar o River-PI a se classificar para as oitavas de final da Série D de 2014. Elizeu Aguiar, em entrevista ao GloboEsporte.com, disse ter feito contato com jogadores do Interporto e proposto um prêmio de R$ 20 mil em caso de vitória da equipe de Tocantins na partida contra o Moto Club. Lourival, ex-atacante do Interporto, confirmou à época o incentivo.
O caso do River-PI não foi o primeiro de mala branca no Brasil, mas chamou a atenção pela punição severa do STJD. Em 2014, por exemplo, o goleiro Fernando Prass acabou absolvido pela mesma prática. O jogador do Palmeiras disse que “sim” quando foi perguntado se ele já havia recebido incentivo de outro clube. Schmitt, contudo, reforça que a conduta é inaceitável e compara a mala branca como um “ato de fraude e corrupção”, termos destacados pelo procurador-geral durante o julgamento do presidente Elizeu Aguiar.
Segundo decisão, Elizeu não pode atuar no comando do River-PI por seis meses (Foto: TV Clube)
O presidente suspendo acabou punido pelo artigo 243-A (atuar de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
- O julgamento do River-PI foi um passo importante no combate a esse tipo de conduta inaceitável. Existem muitos casos sendo investigados pela Interpol no mundo. O Brasil deu uma resposta adequada, através desse julgamento no STJD, de tolerância zero com qualquer espécie de atitude suspeita de fraude ou tentativa de influenciar de forma antecipada no curso normal de partidas – enfatizou.
Entenda o caso
Elizeu Aguiar acabou denunciado pela promotoria da Quarta Comissão Disciplinar do STJD após conceder entrevista ao repórter do GloboEsporte.com afirmando ter oferecido um prêmio de R$ 20 mil para os jogadores do Interporto vencerem a partida contra o Moto Club, na nona rodada da fase classificatória da Série D, o que colocaria o River-PI na liderança em caso de vitória sobre o Remo na rodada. No entanto, o Interporto perdeu para o Moto, por 4 a 2, e o River-PI derrotado pelo Remo, por 3 a 2. Assim, o time piauiense acabou eliminando da disputa.
Na Quarta Comissão Disciplinar do tribunal, o dirigente do River-PI foi absolvido. Em defesa, disse que jamais teria falado em oferecer incentivo financeiro aos jogadores do Interporto e "o publicado não era verdade" . Porém, uma gravação feita pelo GloboEsporte.com/PI mostrou o contrário.
- Na realidade, nós fizemos um contato com alguns atletas, o Interporto está passando por dificuldades de salários atrasados e nós temos alguns atletas que são do estado do Goiás que já jogaram com alguns atletas e nós estamos oferecendo R$ 20 mil pela vitória diante do Moto – declarou Elizeu, em entrevista no dia 11 de setembro.
A Procuradoria do STJD recorreu da decisão e anexou a cópia da transcrição do áudio ao processo. No julgamento desta quinta-feira, Elizeu Aguiar acabou suspenso por seis meses da presidência do clube. Além disso, terá que pagar uma multa de R$ 30 mil. Através da assessoria, Elizeu disse que não iria comentar a decisão.
River-pi se pronuncia
Júlio Arcoverde passa a ser o presidente do
River-PI após suspensão de Elizeu pelo STJD
(Foto: Elias Fontenele/ Jornal ODIA)
Segundo o clube, a decisão do Pleno do STJD foi “recebida com muito pesar” e o afastamento de Elizeu não altera o planejamento do clube, entre eles o fortalecer o programa Torcedor de Vantagens, seguir com a revitalização das categorias de base. O vice-presidente Júlio Arcoverde assumiu o comando automaticamente. Em 2015, o time será o representante piauiense na Série D.
- A diretoria tricolor recebe esta decisão com muito pesar, mas garante aos torcedores tricolores que vai continuar o planejamento e o trabalho que estava sendo executado pelo então presidente Elizeu Aguiar. O vice-presidente de futebol profissional do River-PI, Renato Berger vai responder diretamente pelos assuntos voltados à pasta e continuar trabalhando na execução do planejamento da equipe profissional - informou o clube, em nota.
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- A manipulação de resultados tem sido uma temática importante para a Escola Nacional de Justiça Desportiva do STJD. Algumas práticas, como mala branca, passam a ideia de algo comum, permitido. Mas é uma distorção tupiniquim da realidade desportiva e do fairplay. Ela ofende princípios básicos de ética e moralidade para prestigiar o poder econômico através de vantagens indevidas – explicou Schmitt.
A mala branca oferecida pelo presidente do time piauiense tinha como objetivo ajudar o River-PI a se classificar para as oitavas de final da Série D de 2014. Elizeu Aguiar, em entrevista ao GloboEsporte.com, disse ter feito contato com jogadores do Interporto e proposto um prêmio de R$ 20 mil em caso de vitória da equipe de Tocantins na partida contra o Moto Club. Lourival, ex-atacante do Interporto, confirmou à época o incentivo.
O caso do River-PI não foi o primeiro de mala branca no Brasil, mas chamou a atenção pela punição severa do STJD. Em 2014, por exemplo, o goleiro Fernando Prass acabou absolvido pela mesma prática. O jogador do Palmeiras disse que “sim” quando foi perguntado se ele já havia recebido incentivo de outro clube. Schmitt, contudo, reforça que a conduta é inaceitável e compara a mala branca como um “ato de fraude e corrupção”, termos destacados pelo procurador-geral durante o julgamento do presidente Elizeu Aguiar.
Segundo decisão, Elizeu não pode atuar no comando do River-PI por seis meses (Foto: TV Clube)
O presidente suspendo acabou punido pelo artigo 243-A (atuar de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
- O julgamento do River-PI foi um passo importante no combate a esse tipo de conduta inaceitável. Existem muitos casos sendo investigados pela Interpol no mundo. O Brasil deu uma resposta adequada, através desse julgamento no STJD, de tolerância zero com qualquer espécie de atitude suspeita de fraude ou tentativa de influenciar de forma antecipada no curso normal de partidas – enfatizou.
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Na Quarta Comissão Disciplinar do tribunal, o dirigente do River-PI foi absolvido. Em defesa, disse que jamais teria falado em oferecer incentivo financeiro aos jogadores do Interporto e "o publicado não era verdade" . Porém, uma gravação feita pelo GloboEsporte.com/PI mostrou o contrário.
- Na realidade, nós fizemos um contato com alguns atletas, o Interporto está passando por dificuldades de salários atrasados e nós temos alguns atletas que são do estado do Goiás que já jogaram com alguns atletas e nós estamos oferecendo R$ 20 mil pela vitória diante do Moto – declarou Elizeu, em entrevista no dia 11 de setembro.
A Procuradoria do STJD recorreu da decisão e anexou a cópia da transcrição do áudio ao processo. No julgamento desta quinta-feira, Elizeu Aguiar acabou suspenso por seis meses da presidência do clube. Além disso, terá que pagar uma multa de R$ 30 mil. Através da assessoria, Elizeu disse que não iria comentar a decisão.
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