Foto: Lauro Alves / Agencia RBS
Roger Machado, 40 anos, tinha convicção de que treinar o Grêmio seria questão de tempo. Criado no clube, só se afastou por ter visto seu espaço diminuir a partir da chegada de Enderson Moreira, que trouxe junto sua comissão técnica, no início de 2014. Naquele momento, seus préstimos como auxiliar já não mais se faziam necessários. É possível que tenha havido ressentimento na saída, mas nada se ouviu de sua boca.
Roger só não imaginava que o telefonema do presidente Romildo Bolzan Júnior viria menos de dois meses depois de quase eliminar o clube do coração na dramática decisão por pênaltis contra o Novo Hamburgo, nas quartas de final do Gauchão. Entre o convite e o sim, transcorreram menos de 24 horas.
— Em três dias de trabalho, é possível criar algo de novo — assumiu o novo comandante, durante a entrevista coletiva de apresentação, terça-feira.
É o que o torcedor espera ver concretizado na tarde deste domingo, na imensidão do gramado do Serra Dourada, contra o embalado Goiás, com as mesmas peças que serviram a Felipão.
Zero Hora buscou opiniões de pessoas que conviveram com Roger ao longo de sua trajetória. Alguns, como Tinga, recentemente aposentado dos gramados, dividiram com ele longos períodos de concentração e incontáveis emoções dentro de campo.
Outros, como o zagueiro Bolívar e o ex-volante Magrão, foram seus comandados no Novo Hamburgo e ainda mantém fresco na memória seu estilo como comandante. Em comum, todos os depoimentos indicam confiança no êxito do trabalho.
Magrão, ex-volante e hoje empresário
"Considero o Roger um amigo, fui para o Novo Hamburgo por um pedido dele. Foi o último treinador da minha carreira. Ele estudou, viajou para a Europa, se preparou muito. Tem uma filosofia nova, prioriza muito a posse de bola em treinos dinâmicos. Além disso, tem liderança no vestiário e trabalha muito no dia a dia. Conosco, fez um ótimo trabalho. Tanto que quase eliminamos o Grêmio no Gauchão. Em um curto espaço de tempo, penso que será um dos melhores técnicos do Brasil".
Bolívar, zagueiro da Portuguesa
"É um cara com trabalho de campo diferenciado e consegue ter o grupo na mão. É muito detalhista e cobra muito, independentemente da experiência do jogador. Quando faz treino tático, não prepara só os titulares. Além disso, a palestra é ótima. E estuda muito o adversário antes de explicar pontos fortes e fracos. Conheci ele ainda no Olímpico. Eu era do júnior do Grêmio, mas já treinava com os profissionais. E ele foi o primeiro jogador que me deu uma chuteira, isso me marcou muito".
Leandrão, atacante do Brasil-Pel
"Ele precisava de um clube grande para alavancar a carreira. Quando joguei com ele no Vissel Kobe, em 2004, no Japão, já demonstrava esta vontade. Analisava o adversário taticamente, quem ia marcar no confronto direto. Depois, no Novo Hamburgo, fui treinado por ele e pude ver que ele tem um bom trabalho de campo. Intenso, focado na posse de bola e recomposição rápida. No vestiário, sabe ser companheiro, mas também cobra firme. A trajetória dele no futebol impõe muito respeito".
Raimundo Demore, presidente do Juventude
"Acredito que Roger dará certo no Grêmio. É muito identificado com o clube, e respeitado lá dentro. Teve um cuidado muito grande para se preparar. Veio para o Juventude em um momento delicado, difícil, de forte pressão da torcida. Estávamos bem no Gauchão até a parada da Copa do Mundo. Quando voltamos, na Série C, a equipe não tinha mais a mesma dinâmica. Não há nada que desabone sua passagem pelo clube. Ele é tranquilo, mas tem um grito de guerra forte no vestiário".
Mauro Galvão, ex-zagueiro
"Todo treinador precisa ter um começo. Há muito profissional rodado que é contratado e não dá certo. Por vezes, se superdimensiona o trabalho de um técnico. Ele não faz gol, nem evita. Roger poderá dar certo, mas precisa de uma equipe reforçada. Treinador não precisa espernear, nem dar cambalhota em volta do campo. Ênio Andrade não fazia nada disso. Roger é um cara tranquilo, o que não quer dizer que não vá cobrar".
Tinga, ex-volante
"Vejo nele uma grande fome para trabalhar. Sempre gostei de atuar com profissionais assim, treinadores ou jogadores. É aquele cara que não vai se importar se precisar varar a madrugada olhando vídeos. Isso só faz quem realmente é um profissional dedicado. O principal é a capacidade. Dá para perceber nas entrevistas que os jogadores já enxergam o conteúdo dele. Não está lá apenas pelo passado de vitórias como jogador, mas porque se preparou para ser treinador".
Zinho, ex-meia
"O Roger, na época de jogador, já mostrava muita liderança e profissionalismo. Era realmente um cara diferenciado no meio dos outros atletas. Principalmente em termos culturais, é um cara muito estudioso e se preocupava muito com a sequência da carreira. A gente já percebia que ele seria dirigente ou treinador no futuro. Então, não é surpresa para mim ele alcançar este objetivo de assumir uma equipe grande como o Grêmio. Fico muito feliz por ele, é um grande passo na carreira como técnico".
Danrlei, ex-goleiro e hoje deputado
"O Roger é um irmão para mim, tenho um respeito enorme por ele. Sempre foi um cara que me trouxe equilíbrio, temos uma grande amizade. Fiquei feliz por ele receber esta chance como técnico do Grêmio. Ainda na sexta-feira fui ao CT e dei um abraço nele depois do treino. Pude ver que é o mesmo Roger vencedor do tempo em que jogávamos juntos. É um cara que entende de futebol, é muito competente. Se o grupo tiver vontade e confiar nele, o Grêmio tem tudo para fazer um bom campeonato".
Arilson, ex-meia e hoje treinador
"Vai dar certo, torço muito por ele. Roger foi um exemplo como jogador e pessoa. Esteve ali dentro e é estudioso. Treinador não precisa ser autoritário. Basta ver o exemplo do Aguirre, no Inter. Eu já sou mais explosivo. Agora, é preciso contratar reforços. A equipe do Grêmio é boa, mas não está preparada para chegar entre os primeiros. Precisa, pelo menos, de um lateral-direito, um armador e mais um atacante".
Tite, técnico do Corinthians
"Ele sempre teve um nível de consciência e compreensão acima da média. Claro que o ideal é começar uma temporada, mas a oportunidade não bate à porta pra te avisar. Roger conhece o Grêmio, os jogadores e a cultura do Estado e do clube. Isso é um facilitador para que a engrenagem possa fluir de maneira mais natural. Eu também era jovem quando comecei o Grêmio. Na apresentação, minha perna tremia. Ele é jovem, mas já assume conhecendo o clube".
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Roger só não imaginava que o telefonema do presidente Romildo Bolzan Júnior viria menos de dois meses depois de quase eliminar o clube do coração na dramática decisão por pênaltis contra o Novo Hamburgo, nas quartas de final do Gauchão. Entre o convite e o sim, transcorreram menos de 24 horas.
— Em três dias de trabalho, é possível criar algo de novo — assumiu o novo comandante, durante a entrevista coletiva de apresentação, terça-feira.
É o que o torcedor espera ver concretizado na tarde deste domingo, na imensidão do gramado do Serra Dourada, contra o embalado Goiás, com as mesmas peças que serviram a Felipão.
Zero Hora buscou opiniões de pessoas que conviveram com Roger ao longo de sua trajetória. Alguns, como Tinga, recentemente aposentado dos gramados, dividiram com ele longos períodos de concentração e incontáveis emoções dentro de campo.
Outros, como o zagueiro Bolívar e o ex-volante Magrão, foram seus comandados no Novo Hamburgo e ainda mantém fresco na memória seu estilo como comandante. Em comum, todos os depoimentos indicam confiança no êxito do trabalho.
Magrão, ex-volante e hoje empresário
"Considero o Roger um amigo, fui para o Novo Hamburgo por um pedido dele. Foi o último treinador da minha carreira. Ele estudou, viajou para a Europa, se preparou muito. Tem uma filosofia nova, prioriza muito a posse de bola em treinos dinâmicos. Além disso, tem liderança no vestiário e trabalha muito no dia a dia. Conosco, fez um ótimo trabalho. Tanto que quase eliminamos o Grêmio no Gauchão. Em um curto espaço de tempo, penso que será um dos melhores técnicos do Brasil".
Bolívar, zagueiro da Portuguesa
"É um cara com trabalho de campo diferenciado e consegue ter o grupo na mão. É muito detalhista e cobra muito, independentemente da experiência do jogador. Quando faz treino tático, não prepara só os titulares. Além disso, a palestra é ótima. E estuda muito o adversário antes de explicar pontos fortes e fracos. Conheci ele ainda no Olímpico. Eu era do júnior do Grêmio, mas já treinava com os profissionais. E ele foi o primeiro jogador que me deu uma chuteira, isso me marcou muito".
Leandrão, atacante do Brasil-Pel
"Ele precisava de um clube grande para alavancar a carreira. Quando joguei com ele no Vissel Kobe, em 2004, no Japão, já demonstrava esta vontade. Analisava o adversário taticamente, quem ia marcar no confronto direto. Depois, no Novo Hamburgo, fui treinado por ele e pude ver que ele tem um bom trabalho de campo. Intenso, focado na posse de bola e recomposição rápida. No vestiário, sabe ser companheiro, mas também cobra firme. A trajetória dele no futebol impõe muito respeito".
Raimundo Demore, presidente do Juventude
"Acredito que Roger dará certo no Grêmio. É muito identificado com o clube, e respeitado lá dentro. Teve um cuidado muito grande para se preparar. Veio para o Juventude em um momento delicado, difícil, de forte pressão da torcida. Estávamos bem no Gauchão até a parada da Copa do Mundo. Quando voltamos, na Série C, a equipe não tinha mais a mesma dinâmica. Não há nada que desabone sua passagem pelo clube. Ele é tranquilo, mas tem um grito de guerra forte no vestiário".
Mauro Galvão, ex-zagueiro
"Todo treinador precisa ter um começo. Há muito profissional rodado que é contratado e não dá certo. Por vezes, se superdimensiona o trabalho de um técnico. Ele não faz gol, nem evita. Roger poderá dar certo, mas precisa de uma equipe reforçada. Treinador não precisa espernear, nem dar cambalhota em volta do campo. Ênio Andrade não fazia nada disso. Roger é um cara tranquilo, o que não quer dizer que não vá cobrar".
Tinga, ex-volante
"Vejo nele uma grande fome para trabalhar. Sempre gostei de atuar com profissionais assim, treinadores ou jogadores. É aquele cara que não vai se importar se precisar varar a madrugada olhando vídeos. Isso só faz quem realmente é um profissional dedicado. O principal é a capacidade. Dá para perceber nas entrevistas que os jogadores já enxergam o conteúdo dele. Não está lá apenas pelo passado de vitórias como jogador, mas porque se preparou para ser treinador".
Zinho, ex-meia
"O Roger, na época de jogador, já mostrava muita liderança e profissionalismo. Era realmente um cara diferenciado no meio dos outros atletas. Principalmente em termos culturais, é um cara muito estudioso e se preocupava muito com a sequência da carreira. A gente já percebia que ele seria dirigente ou treinador no futuro. Então, não é surpresa para mim ele alcançar este objetivo de assumir uma equipe grande como o Grêmio. Fico muito feliz por ele, é um grande passo na carreira como técnico".
Danrlei, ex-goleiro e hoje deputado
"O Roger é um irmão para mim, tenho um respeito enorme por ele. Sempre foi um cara que me trouxe equilíbrio, temos uma grande amizade. Fiquei feliz por ele receber esta chance como técnico do Grêmio. Ainda na sexta-feira fui ao CT e dei um abraço nele depois do treino. Pude ver que é o mesmo Roger vencedor do tempo em que jogávamos juntos. É um cara que entende de futebol, é muito competente. Se o grupo tiver vontade e confiar nele, o Grêmio tem tudo para fazer um bom campeonato".
Arilson, ex-meia e hoje treinador
"Vai dar certo, torço muito por ele. Roger foi um exemplo como jogador e pessoa. Esteve ali dentro e é estudioso. Treinador não precisa ser autoritário. Basta ver o exemplo do Aguirre, no Inter. Eu já sou mais explosivo. Agora, é preciso contratar reforços. A equipe do Grêmio é boa, mas não está preparada para chegar entre os primeiros. Precisa, pelo menos, de um lateral-direito, um armador e mais um atacante".
Tite, técnico do Corinthians
"Ele sempre teve um nível de consciência e compreensão acima da média. Claro que o ideal é começar uma temporada, mas a oportunidade não bate à porta pra te avisar. Roger conhece o Grêmio, os jogadores e a cultura do Estado e do clube. Isso é um facilitador para que a engrenagem possa fluir de maneira mais natural. Eu também era jovem quando comecei o Grêmio. Na apresentação, minha perna tremia. Ele é jovem, mas já assume conhecendo o clube".
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