Acabou o amor? Felipão não passa ileso de má fase e vira alvo da torcida

Técnico vive situação inédita após retorno ao clube e é pressionado por torcedores


Fonte: GloboEsporte

Acabou o amor? Felipão não passa ileso de má fase e vira alvo da torcida
O filme se repete. Resta saber se o Grêmio irá conseguir também se reinventar e melhorar o rendimento durante a competição. O que acontece com o Tricolor nos primeiros compromissos do Campeonato Brasileiro já aconteceu durante o Gauchão. A reação da torcida, porém, é inédita. Vitorioso e técnico histórico, Felipão começou a ser contestado pelos gremistas, que protestaram na chegada a Porto Alegre e ainda no Estádio Couto Pereira, no sábado (veja no vídeo acima) contra a diretoria e, quem diria, o treinador.

Scolari é mais do que um técnico na gestão de Romildo Bolzan Júnior. Não por ter mais atribuições do que apenas acertar o time em campo, algo que ainda não aconteceu nas últimas rodadas. Mas também como um símbolo para comandar o elenco em um processo de reestruturação geral do clube, com poucos recursos e enxugamento da folha salarial.

Além disso, Felipão também serve como sustentação para que os jovens jogadores alçados das categorias de base tenham uma transição menos atribulada. Pediu, por exemplo, aumento para Yuri Mamute. Nos treinamentos, tem sido figura bastante ativa, participando dos trabalhos, aos gritos. Num deles, criticou o lateral-direito Raul, uma das promessas das categorias de base.

Felipão foi alvo de protestos na chegada do Grêmio a Porto Alegre (Foto: Ronaldo Bernardi/Agência RBS)

Na prática, porém, após a perda do título gaúcho para o rival Inter - grande obsessão do clube no ano -, o Tricolor se perdeu em campo. E está tentando se reencontrar durante a competição, algo que também ocorreu na “Copa do Mundo” - foi chamado assim em janeiro o estadual pelos gremistas, sem títulos desde 2010. Após um começo ruim, o Grêmio achou uma maneira de jogar, se utilizou de reforços contratados durante a competição e conseguiu chegar até a final.

- O Gauchão não começou muito bem, mas foi ajeitando o time. Temos que corrigir os rumos. Foi uma jornada ruim - analisou o diretor de futebol Cesar Pacheco após a derrota em Curitiba.

Felipão sempre gozou de crédito com a torcida gremista. Ainda na semana passada, antes do frustrante empate em 3 a 3 com a Ponte Preta, o técnico foi aplaudido ao ser anunciado no sistema de som da Arena. Nem quando abandonou o reservado antes do fim do jogo contra o Veranópolis, em 14 de fevereiro, no ápice da crise no Gauchão, fora questionado pelos fãs.

Hashtag #forafelipao nas redes sociais

Mas algo se quebrou neste domingo, quando pela primeira vez o treinador foi alvo de cobranças mais fortes. O carinho que Felipão precisava após a fatídica derrota por 7 a 1 com a Seleção, declarado pelo próprio, parece começar a ruir - chegou em 30 de julho para sua terceira passagem pelo clube (as outras duas foram permeadas de títulos).

Manifestações isoladas de gremistas nas redes sociais, agregadas na hashtag #forafelipao, podem ser observadas. O diretor executivo Rui Costa também é alvo de críticas da torcida. Em faixas espalhadas por Porto Alegre na semana passada, o dirigente foi um dos criticados.

Ambos são os responsáveis por buscar alternativas diferentes no mercado para reforçar o elenco. Felipão, apesar de treinador, já mostrou estas atribuições, ao conversar com possíveis contratações gremistas e manifestar desejo de contar com o jogador. Algo que é fundamental para que o Tricolor consiga buscar atletas. Aliás, desde o começo da temporada, Scolari tem pressionado por contratações. Só que, das sete caras novas do ano, apenas duas têm atuado no time titular, casos de Marcelo Oliveira e Maicon.

- Todos nós sabíamos disso (que o Grêmio poderia sofrer sem reforços). Todos nós do Grêmio sabíamos disso, e a torcida sempre foi notificada, sempre foi passado a ela que íamos passar dificuldades - admitiu, após o 2 a 0.

Felipão levou milhares de gremistas à Arena em seu retorno, em 30 de julho (Foto: Lucas Uebel/Grêmio, Divulgação)

Desde sua chegada com euforia da torcida no final de julho, Felipão acumula 51 jogos, com 26 vitórias, 12 empates e 13 derrotas, um aproveitamento de 60,3%. No ano passado, conseguiu tirar o Grêmio de uma zona intermediária e entrar no G-4 após goleada histórica sobre o Inter em novembro. Mas o time teve uma queda na reta final e terminou o Brasileiro em sétimo.

Na Copa do Brasil, acabou eliminado nos tribunais por caso de injúria racial de torcedores contra o goleiro Aranha, então no Santos. Neste ano, com ao menos 14 saídas do elenco de 2014, a reformulação afetou a largada, mas houve recuperação no Gauchão. A equipe só perderia a invencibilidade de 16 jogos no Gre-Nal decisivo de 3 de maio. Desde então, só venceu o CRB, pela Copa do Brasil. Empatou com a Ponte Preta e perdeu para o Coritiba pelo Nacional, encontrando-se na zona de rebaixamento após duas rodadas.

Felipão tem contrato até o final de 2016, mas sua saída costuma ser cogitada com frequência. Isso porque Scolari tem moral com os mercados de Emirados Árabes e China. Já houve propostas, mas, por questões familiares, o treinador permaneceu. Antes, teve duas passagens pelo Tricolor, em 1987 e de 1993 a 1996, com três Gauchões, Copa do Brasil, Libertadores, Recopa Sul-Americana e Brasileiro conquistados.

A segunda-feira será de folga para o elenco tricolor. O foco estará mesmo nos bastidores gremistas, com reuniões e encontros para tentar achar um novo caminho para o Grêmio no Brasileirão.




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