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Conheça a trajetória de Vagner Mancini até chegar à terceira passagem pelo Grêmio

Ex-jogador do clube nos anos 1990, treinador foi contratado para salvar o Tricolor do rebaixamento no Brasileirão


Fonte: Gaúcha ZH

Conheça a trajetória de Vagner Mancini até chegar à terceira passagem pelo Grêmio
José Doval / Agencia RBS
Toda vez que um time grande se vê em apuros no rodapé da tabela do Brasileirão, a receita se repete: contrata-se um profissional identificado com a história do clube ou um técnico acostumado a salvar equipes da queda à Série B. No caso do Grêmio, a opção foi unir as duas características em um único nome.



Ex-jogador gremista nos anos 1990, Vagner Mancini também é reconhecido por ser um treinador que efetuou campanhas de recuperação nas últimas temporadas. Por isso, foi escolhido para evitar o terceiro rebaixamento tricolor em 2021.


"O Vagner é um conhecido da casa, foi nosso jogador em 1995 e nós o chamávamos de "Seu Verardi 2", porque ele viajava de paletó azul e uma valise do 007, igual ao "Seu Verardi". Então, o Vagner é da casa, conhece a tradição do Grêmio, foi campeão e tem amor pelo Grêmio. E quando ligamos, ele berrou: "Estou dentro", contou o vice-presidente de futebol Dênis Abrahão, recordando a figura de Antônio Carlos Verardi, funcionário que trabalhou por 50 anos no clube e morreu em 2019.


O mais interessante é que Mancini não atende a um perfil quase sempre lembrado nestas horas: não tem fama de falar grosso com atletas ou dar respostas atravessadas em entrevistas. Pelo contrário, a fama que carrega é a do diálogo, desde os tempos em que surgiu para o futebol no Guarani.


Meia inteligente

Natural de Ribeirão Preto, foi contemporâneo de Neto nas categorias de base. E, em 1988, integrou o elenco vice-campeão paulista logo em seu primeiro ano como profissional.


"Ele era um ponta de lança bem ofensivo, de uma qualidade técnica muito boa e que tinha fundamentos precisos, tanto de passe como de chute. Eu gostava muito de jogar com ele", recorda Zenon, com quem dividiu vestiário em 1989:


"Ele sempre foi um cara muito centrado e isso praticamente define o perfil do profissional. Já era uma pessoa muito inteligente e, para mim, não foi surpresa nenhuma ele ter virado treinador", completa o ídolo bugrino.


O jovem meia-direita deixou o Brinco de Ouro da Princesa para defender Portuguesa, Bragantino e Botafogo-SP, até chamar atenção dos dirigentes gremistas. Tinha 28 anos quando foi contratado para reforçar o time de Felipão que, depois de conquistar a Copa do Brasil de 1994, mirava a Libertadores de 1995.



"Quando ele foi contratado, recebemos ele super bem. Eu era um gurizão e ainda tinha a concorrência do Emerson, do Alexandre Xoxó e do Carlos Miguel. Mas ele sempre foi um cara bacana, de bom papo, assim como é até hoje. Sempre foi um cara cuidadoso, muito culto, todo organizado. Bem diferente de nós, que só pensávamos em jogar e fazer churrasco. Ele queria tudo certinho. Por isso, apelidamos ele de "Seu Verardi 2". Mas ele era muito inteligente para jogar, atuava de cabeça erguida", sublinha Arilson.


Logo no primeiro amistoso de pré-temporada, em Gramado, Vagner vestiu a camisa 10 e anotou o terceiro gol da goleada de 4 a 0 sobre o Esportivo. A boa impressão, aliada à lesão sofrida por Emerson no início do Gauchão, que rompeu os ligamentos do joelho direito, fariam com que o meia paulista iniciasse a campanha do tri da América como titular.


"Eu estava sem contrato e teve dois jogos fora daqui (de Porto Alegre). Fiquei fazendo amistosos com o "Banguzinho". Quando o time voltou, o Mancini estava machucado e o Dinho, que havia falado com o Felipão, me chamou no quarto da concentração: "Te prepara que tu vai ser titular". Acabei jogando contra o Palmeiras, empatamos por 0 a 0 e não saí mais do time", explica Arilson.


Trajetória como treinador

Ao deixar o Estádio Olímpico, Vagner rodou por inúmeros clubes, como Coritiba, Ponte Preta, Ceará, Figueirense, Paulista, até encerrar a carreira no Ituano. A aposentadoria dos gramados aos 37 anos, porém, teve como motivo o convite para retornar a Jundiaí para treinar o Paulista, em 2004, onde havia sido campeão da Série A2 do Paulistão e da Série C como jogador três anos antes. Assumiu no lugar do ex-goleiro Zetti e, ironicamente, conquistou o maior título de sua trajetória: a Copa do Brasil de 2005, batendo o Fluminense de Abel Braga.


"Aquele foi um dos melhores times que eu joguei. Saíram jogadores para diversos clubes do Brasil. Ele tinha recém parado de jogar, estava começando e montou um time bem encaixado. Ele me ajudou bastante. Eu saí do Guarani, tinha subido muito cedo, e lá que eu tive um recomeço. Ele apostou em mim e foi bom pra caramba. Abriu as portas para muitos jogadores e para ele também. Era parceiro para caramba, muitos tinham jogado com ele. Tinha jogadores quase da idade dele, mas foi um irmãozão", cita o ex-atacante Léo Aro, que seria contratado pelo Inter posteriormente:


"Ele tem uma fala mansa, sempre que ouço nas entrevistas vejo ele falando com a gente, a mesma maneira, tom de voz, a calma, o que ele é na entrevista é no dia a dia", ressalta.



O trabalho o credenciou para voltar ao Grêmio em 2008, desta vez para comandar o vestiário. Chegou para substituir Mano Menezes, que aceitara o convite do Corinthians na Série B, trazendo consigo o goleiro Victor e o zagueiro Réver, dos tempos de Jundiaí. Porém, durou apenas seis jogos na casamata, sem ter perdido uma única vez.


"Eu era o capitão da equipe e tínhamos uma ótima relação. Foi demitido injustamente. Não sabemos exatamente o motivo. Falaram em incompatibilidade com os dirigentes da época", lembra o ex-volante Eduardo Costa:


"Nesse curto período, foi um cara muito justo, que fala aquilo que pode cumprir. Um cara bem prático, bem direto na relação interpessoal. Na ideia de jogo, gosta de um futebol ofensivo, que não especula muito. Gosta de buscar a vitória. Claro que cada elenco apresenta uma realidade e tem que se adaptar, mas acredito que é um cara que pensa futebol ofensivamente", diz o ex-volante, que hoje segue os passos de Mancini como treinador.


Assim como nos tempos de jogador, rodou o Brasil após deixar o Estádio Olímpico. Conseguiu destaques esporádicos, como na campanha à frente do Athletico-PR, em 2013, quando saltou do Z-4 para o terceiro lugar no Brasileirão. Ainda foi vice-campeão da Copa do Brasil, derrotado pelo Flamengo.


É neste retrospecto que os gremistas se agarram. Afinal de contas, o treinador também evitou as quedas de Cruzeiro (2011) e Vitória (2017). Porém, não obteve o mesmo sucesso por Guarani (2010) e Botafogo (2014), que caíram apesar de sua presença na casamata, além de Ceará (2011), Sport (2012) e Vitória (2018), rebaixados após sua saída.


O perfil mais comedido fez com que o São Paulo visse nele competências para exercer o cargo de coordenador técnico em 2019. Porém, voltou à beira do campo em seguida. Em um de seus últimos trabalhos mais duradouros, no ano passado, livrou o Corinthians do rebaixamento.


"Quando ele assumiu, nós passávamos por um momento bem difícil, de desconfiança e irregularidade dentro de campo. Estávamos também nesta situação complicada (17º lugar) e a gente conseguiu dar uma respirada. Tivemos atuações e resultados que fizeram com que a gente terminasse o ano em uma melhor colocação. Foi um cara que acrescentou bastante para a gente e espero que aconteça o mesmo no Grêmio", declarou Ramiro, em entrevista à Rádio Gaúcha, relembrando os tempos de Corinthians, antes de rumar para o Al-Wasl, dos Emirados Árabes, em junho.


Certamente, não foi o gremismo de Mancini que o fez rescindir contrato com o América-MG para retornar à capital gaúcha. Além da vitrine de atuar em um grande clube, o treinador será muito bem remunerado caso o time saia da posição incômoda nos 13 jogos que restam.




Mas, acima de tudo, deixará de ser reconhecido como um coadjuvante do título da Libertadores de 1995, ou como o demissionário invicto, e entrará para a história como o homem que evitou a terceira queda tricolor.

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